Continua no próximo episódio…

Lembro de momentos angustiantes na minha infância. Quando, no meio de uma incrível batalha entre Pokemons ou durante a resolução de um mistério de Tin Tin, aparecia uma tela preta com o inscrito “to be continued…” Ainda não falava inglês, mas sabia que essa mensagem era o sinal de uma espera ansiosa até o próximo capitulo. Tentava imaginar o que aconteceria. No intimo sabia que o herói venceria, mas a duvida era, como?

Essa questão filosófica incomodou todas as crianças desde a pré-história até o final dos anos 90. Agora, com a internet, as mentes infantis não precisam mais se preocupar com isso, basta baixar o download do próximo episódio… e pronto! Sem angustia, sem suspense, sem imaginação.

Vivemos na sociedade da realização instantânea dos desejos. Tem que ser agora, não pode ser depois (afinal, 2012 esta bem perto né?). Esperar uma resposta ou receber um não é insuportável. Tem um ditado que diz: “Aprendemos mais com o não que com o sim”. Acrescento, também aprendemos com a espera dos nossos desejos. E nem este nem aquele acontecem na cultura fast-food de sentimentos da modernidade. Para comprovar minha opinião, basta ver uma criança de hoje receber um “não”, é escândalo na certa!

As crianças não possuem mais a estrutura para esperar ou terem seus desejos negados. Os pais não têm mais poderes sobre seus filhos, tendo o comando sido transferido para a sociedade de consumo. A criança não aguenta receber o “não” e deseja cada vez mais os novos produtos. Os quartos se enchem de brinquedos, que logo são esquecidos.

O que vai acontecer com esses mini-consumidores compulsivos quando crescerem e receberem o primeiro “não” de um chefe psicótico? Ou ao não conseguir subir na profissão como desejava?

Bem, a conclusão desse texto…

Continua no próximo episódio…